Mãe sem filha nos braços
Sim, a Yasmim nasceu, prematuramente, com 33 semanas. Estava eu em casa, na sexta-feira, dia 04/01/2013, esperando o jantar ficar pronto e conversando com o Daniel animadamente, quando a bolsa estourou. Não havia dúvida de que era a bolsa: líquido transparente e sem cheiro de urina. Aí começou a correria: primeiro do meu marido atrás da chaves (do carro, da casa, da garagem) e depois atrás da documentação do pré-natal e dos telefones dos obstetras. Daniel ligou para o obstetra que me acompanhou aqui em Bagé e ele disse “corre para o hospital que está nascendo”. E assim o fizemos.
O primeiro grande problema foi que este obstetra não estava em Bagé e, portanto, eu não seria atendida por ele no parto. Ou seja, seria atendida por um médico plantonista, que eu nunca vi na vida. Para vocês entenderem o nosso drama, nós estávamos preparados para ir para Curitiba na quarta-feira, dia 09/01/2013, esperar o parto lá, tendo feito o pré-natal com um obstetra de lá também, que COM TODA CERTEZA DO MUNDO estaria comigo na hora do parto (eu pagaria a mais por isso). Tudo isso porque, na época prevista para Yasmim nascer (fevereiro), não haverá um único médico na cidade – todos sairão de férias. E como nós tivemos uma experiência péssima com o hospital daqui na época que fiz a curetagem da primeira gravidez, ficamos APAVORADOS com a possibilidade de ter a Yasmim aqui, naquele hospital, e apesar de todas as dificuldades de fazer o parto longe de casa (BEM LONGE), estávamos dispostos a passar por isso. Então, quando a bolsa estourou e o obstetra disse que não estaria em Bagé para fazer o parto e eu tinha que me contentar com o plantonista, todos nossos planos foram por água abaixo, literalmente.
Chegamos no hospital super nervosos e o Daniel se recusou a me deixar sozinha no bloco obstétrico, brigando com a enfermeira para deixá-lo entrar. Por compaixão ou medo (rs), ela deixou ele permanecer lá, não necessariamente comigo, mas no mesmo ambiente. Fui examinada pelo médico, o tal plantonista, que me pareceu bastante gentil e preocupado. Ele viu que a bolsa tinha de fato estourado e que eu tinha zero de dilatação. Viu que a Yasmim seria prematura e decidiu usar medicação (corticóide) para ver se conseguia segurar o parto, ao menos por mais uma semana. Neste tempo, as contrações começaram.
Então o médico disse que precisava me internar para acompanhar de perto. No entanto, ele só atende pelo SUS e eu tenho Unimed, mas não poderia usar. Aí, claro, tanto eu quanto Daniel ficamos mais apavorados ainda, porque aquilo não fazia sentido: temos o plano, pagamos caro para ter este conforto e, mesmo assim, não podia usar porque o médico responsável não tinha o convênio. E o corre-corre recomeça, com o Daniel tentando achar um obstetra na cidade para assumir o meu caso e que tivesse Unimed, de tal forma que eu pudesse ter o quarto privativo pelo qual pago há tanto tempo. Felizmente uma solução foi achada, e logo me transferiram do bloco obstétrico para o quarto, onde esperaria o desenrolar da situação.
Só que as contrações estavam cada vez mais frequentes e mais fortes. Voltei ao bloco obstétrico, o médico novamente me examinou e eu estava com 1 cm de dilatação. “Vamos esperar mais tempo para o remédio fazer efeito, pois ele não tira a dor totalmente.” E então esperei mais umas 2, 3 horas, e as contrações ficando cada vez mais fortes, e então eu disse que não aguentava mais de dor – e de fato, eu não estava mais suportando a dor, e olha que eu sou bastante tolerante! Nisso o Daniel conseguiu entrar pra me ver e, não sei se por ele estar ali ou porque a dor realmente estava evoluindo para graus mais insuportáveis ainda, comecei a vomitar. Então o médico decidiu me examinar novamente e constatou 3 cm de dilatação, ou seja, o remédio não estava retardando o parto. Foi então que, em vista disso e do fato da pequena estar na posição sentada (pélvica), ele decidiu fazer a cesariana, pois não podíamos correr o risco de parto normal na posição em que ela estava.
Logo chegou o anestesista e fui para a sala de cirurgia. O Daniel não pôde acompanhar, e até aquele momento, estava sozinho lá fora aguardando notícias. Eu fui ficando mais calma e agradeci aos céus quando a anestesia fez efeito – as contrações não me afligiam mais! E assim, lá pelas 7h da manhã de 05/01/2013, a minha pequena Yasmim foi retirada do meu útero e chorou pela primeira vez, e eu nem sequer pude ver a carinha dela, pois logo os médicos sairam correndo com ela para a UTI neonatal. Chorei de emoção ao ouvir aquele chorinho, mas certamente não foi o momento que eu esperava e sonhara todos estes meses. Ficou uma lacuna, um vácuo, um rompimento entre a gravidez e o parto.
Os médicos me parabenizaram e me informaram que ela nasceu com 2,08 kg, um peso muito bom para um prematuro. Tive ainda que esperar os médicos terminarem a cesariana e depois a anestesia passar para ser mandada ao quarto e ver o Daniel. Cheguei no quarto às 10h30 da manhã, e o Daniel estava ansioso me esperando, e dizendo que já tinha conseguido ver a minha linda Yasmim, e que ela tinha 47 cm, grande para um prematuro. Durante o dia foram chegando as visitas e os familiares que vieram de longe: amigos da Unipampa, minha cunhada de Florianópolis e minha mãe de Curitiba. Alguns conseguiram ver a pequena e, escondido, me trouxeram uma foto dela. Eu estava ansiosa para vê-la, para poder fazer aquele vínculo que faltou na hora do parto, mas não conseguia me deslocar por causa da cirurgia. Tive que esperar até o dia seguinte para ver pela primeira vez aquele rostinho que desejei tanto ver – e ele era lindo!
Por todos esses dias, o contato que tenho com ela é através de um buraco numa incubadora, em horários restritos e com muita gente em volta. Vê-la naquela incubadora me traz sentimentos diversos: alegria, tristeza, ansiedade, emoção, amor, angústia. A torcida é que, a cada vez que eu perguntar sobre seu peso, a enfermeira me retorne um número maior ao do dia anterior. No entanto, até ontem tivemos notícias tristes, de perda de peso; nada anormal, afinal todos perdem peso neste tempo, mas significa que o tempo dela lá será maior, e a vontade de que ela saia só vai crescendo mais e mais.
Num dia desses em que eu esperava para entrar na UTI junto com outras mães, estava passeando pelo corredor uma mãe com sua filha nos braços. Senti uma inveja enorme dela, assim como pude sentir nos olhares das outras mães o mesmo sentimento. Todas ali queriam aquilo que é tão natural para a maioria: passear com seus filhos nos braços. Mas nós ainda não podemos fazer isso, essa coisa simples e corriqueira. E por isso que sou mãe, mas sem a filha nos braços.
P.S.1: hoje, pela primeira vez, peguei a Yasmim no colo! Foi aquela emoção, tanto pra mim quanto pra ela. Tô SUPER feliz! :)
P.S.2: queria agradecer imensamente o carinho que as enfermeiras da Santa Casa de Caridade de Bagé dispensaram a mim, minha filha e meu marido. Vocês são nota dez!!!!
Comentários
Enquanto eu estava lendo o post, fiquei muito emocionada, parecia a minha mãe contando como eu nasci! E ela também ficava super aflita...
Enfim, espero que isso tudo passe rápido e que logo logo você possa curtir a Yasmim!
Um abraço carinhoso pra vc e sua nova família!
Bjs!!
Que o caminho de vocês seja iluminado e que logo logo esteja com ela em seus braços!
Beijão!
Logo você estará em casa e com a pequena chorando, querendo mamá a toda hora, você vai ver.
Beijo bem grande para as duas.
Muitas felicidades para você e seu marido e claro para esse anjinho que acabou de chegar!
Beijos!!
QUando li o título do post fiquei com o coração na mao.
Vai dar tudo certo. Em breve estará com a sua pequena em casa.
A meu sobrinho Lucas nasceu prematuro também em novembro e agora está tudo bem.
Beijão!!
Andrea
vim te convidar para conheçer o meu blog , que tal ? hehe’
Se gostar e só seguir , e me avisar que eu sigo imediantamente
Tô esperando sua visitinha viu flôr !!
Beijoooos!
Blog~~> http://deliniando.blogspot.com.br/
Acompanho seu blog há um tempinho já, mas como leitora tímida pra comentar...
Só que hoje, qdo li seu post, me peguei com lágrimas nos olhos porque passei pelo mesmo que vc há 2 anos e 4 meses, quando o meu pequeno Daniel nasceu.
Eu comecei a ter as contrações no trabalho, com 36 semanas: fui para o hospital particular que a minha obstetra havia indicado e lá estava lotado, mas meu trabalho de parto muito avançado fez com que que fosse monitorada na uti até aguardar uma vaga.
Passei maus bocados também qdo, já na maca para seguir para a sala de parto (de todas as gestantes da uti eu era a que estava com o trabalho de parto mais acelerado), uma médica ligou para a enfermeira responsável solicitando que a outra paciente dela subisse, e que eu ficasse aguardando (o que deixou as técnicas de enfermagem extremamente constrangidas com a situação, e eu muito chateada).Eu escutei tudo da maca em que eu estava enquanto as contrações aumentavam, na época meu marido fez queixa na administração do hospital, mas infelizmente nem sempre a gente consegue usufruir do atendimento digno que a gente merece (e se esmera para pagar).
Quando finalmente subi para a sala de parto em 40 minutos o Daniel nasceu, de parto normal, mas sem respirar - eu mal o vi quando ele saiu de dentro de mim, e só me mostraram ele na incubadora muito rapidamente, entubado, com uma touquinha que só deixava os olhinhos inchados a mostra.
Vê-lo daquela forma me fez sentir o vácuo que vc cita no post, aquela sensação de que ficou faltando alguma coisa, de que não era aquilo que eu sonhei e esperava...e nessa hora pensei que talvez fosse melhor se eu fosse leiga, pois sou técnica de enfermagem e já tinha trabalhado em uti neonatal, ou seja: eu tinha noção das coisas, do que estava acontecendo e do que poderia acontecer.
No dia seguinte, quando levantei da cama (graças a Deus bem e sem dor - agradeço muito a Deus pela benção de ter passado pela experiência do parto normal, pois a recuperação foi muito rápida e me ajudou muito no ir e vir das visitas à uti neo), fui ver meu pequeno e tive minha primeira grande surpresa: ele estava sem o tubo, respirando sem auxílio, só estava com uma sondinha para alimentação.Apesar de ainda inspirar cuidados, fiquei surpresa em como ele evoluiu rápido de um dia pro outro (na minha experiência as crianças demoravam pra sair do tubo)!
E assim passamos 16 dias na uti que me deram a sensação de meses...ele também perdeu peso, não pegava o seio pra mamar, enfim...o dia da minha alta foi terrível, pois não aceitava ter que ir embora pra casa sem meu filho nos braços!Chorei inúmeras vezes no ponto de ônibus tendo que ir embora pra casa, vendo as mães com os seus bebês no colo...
Daniel só teve alta quando ele conseguiu mamar no peito um dia inteirinho e, qdo o pesamos no dia seguinte, ele tinha engordado o suficiente para ir pra casa com o peso maior que ele nasceu!Eu tive que ter muita fé e acreditar que ele iria conseguir mamar e que o meu leite seria o melhor pra ele!Foram várias seções com fono e muito esforço, mas graças a Deus, conseguimos!
Hoje meu pequeno está com 2 anos e 4 meses, graças a Deus forte, saudável, feliz!Passamos por 2 cirurgias extensas para corrigir uma má formação que ele tinha, mas graças a Deus correu tudo bem!Hoje olho pra ele e fico encantada como em tão pouco tempo a vida da gente é transformada, em como a maternidade nos transforma pra melhor!
Dáfni, tenha fé, acredite que essa situação já está passando!Sua filha é uma guerreira, assim como vc!Aproveite os momentos em que estiver com ela no colo pra conversar, pra niná-la, pra transmitir o amor que brota da gente quando vê aqueles olhinhos!!Vcs três vão sair dessa e vão passar muitas alegrias juntos!Que Deus abençoe muito vc, lhe dê muita força, sabedoria e saúde!Bjs!
Luzia
Muita saude pra sua pequena Yasmim!!!
É só uma questão de tempo... Já já você vai poder levar a Yasmim pra casa e vai ficar admirando aquele rostinho lindo 24hs por dia!
O mais importante é que ela chegou pra trazer muita alegria pra esse coração de mãe!
Parabéns!
Bjs,
Fique tranquila, ela logo estará em casa e nos colo..
Deus abençoe vcs.
Um grande beijo
beijão!!!
Parabéns pelo nascimento da sua filha - q tem um lindo nome, aliás - , e q, com certeza, será muito amada e muito feliz.
Sinto muito pelo susto que vc passou, por esses sistemas de "saúde" q só atrapalham a vida das pessoas.
Mas sua hora, em definitivo, vai chegar e está perto. Logo, vc estará com sua filha nos braços, na sua casa, fazendo aquelas tarefas de mãezona :).
Vou rezar por vcs para q tudo fique 100% em paz o mais rápido possível.
Um abração!
Beijos
Obrigada pelo carinho! :)
Beijos
O rick nasceu com 2,100 e 42 cm. Ele teve alta com 1,900kg, parecia um franguinho.
Hj, ele já está com quase 6 meses e já recuperou tudo, não é mais prematuro.
Força, q vai dar tudo certo! Qq coisa, pode contar comigo. Bjs
Dri
Obrigada querida! Sempre ajuda saber de histórias parecidas, de pessoas que passaram pelo que estamos pensando... torna tudo mais leve!
Beijos