As mídias digitais e o consumo - reflexões

Olás!

Bom, hoje eu pretendia fazer um vídeo especial para a Ilka com meus pincéis Hakuhodo, mas estou completamente sem voz... :(  Aí lembrei deste tema que tem sido motivo de reflexão minha nos últimos tempos, e resolvi colocar aqui algumas destas reflexões e dicas de canais que me fizeram chegar a elas.

Bom, eu fui testemunha da história ao ver os blogs de beleza estourarem e virarem influenciadores, por volta de 2008/2009. Foi nesta mesma época que comecei o meu blog, porque queria conversar sobre maquiagem e interagir com quem gosta do assunto. Não acompanhei o crescimento dos blogs que nasceram com o meu, ou que nasceram depois, por uma série de razões... claro que a principal é que tenho um emprego que tem nada a ver com o universo de beleza e o blog sempre foi um hobby. Mas enfim, tô falando disso pra dizer que também acompanhei o "declínio" da era bloguística, pois é inegável que hoje em dia a maior parte das blogueiras migrou para o Youtube, onde está o dinheiro e o interesse das marcas e anunciantes. Não sei precisar quando isso aconteceu, e eu mesma ando lendo muito pouco os blogs, me concentrando em encontrar as novidades, resenhas e opiniões em vídeos mesmo. Acompanho recentemente o Instagram, e mais recentemente, o Snapchat. Todas estas mídias estão repletas de fotos, vídeos, swatches, anúncios de novos produtos, e é tanta informação sobre novidades todos os dias que é difícil a gente estar completamente por dentro.

No entanto, você já deve ter percebido que, mesmo que existam milhares de marcas, paletas, marcas de pincéis, cílios postiços e afins, há sempre uma "modinha": muitas pessoas falando sobre um produto ao mesmo tempo. É importante notar que é ao mesmo tempo. É claro que se você é uma frequentadora assídua das mídias digitais você sabe porque isto acontece: as marcas mandam para uma gama de blogueiras e youtubers seus produtos para serem mostrados e usados. Mas não é só isso. Pense que, para algumas blogueiras e youtubers menos influentes, basta receber o produto para que elas façam uma foto, ou um vídeo, mas para outras muito mais influentes (digo, para quem ultrapassa o 1 milhão de seguidores), não basta a marca mandar porque todo mundo manda. Então, se a marca quer ter seu produto mostrado e não esquecido entre os outros milhares que são recebidos pela blogueira ou youtuber, deve tornar o seu produto mais atraente, através de pagamento ou participação nas vendas.

Não sei se isso é tão presente para as blogueiras e youtubers brasileiras, mas acredito que sim, que há um movimento nesta direção, enquanto que nos EUA e Europa a coisa está bastante profissional. Abra o Youtube e pegue qualquer youtuber com mais de 1 milhão de inscritos, e aí assista alguns vídeos. Aposto que ao menos um dos vídeos será de um produto que foi enviado a youtuber e pago para fazer resenha ou usar em tutorial.

Não há problema nenhum nisso se você e eu soubéssemos que, quando a youtuber está falando daquele produto, ela está falando por ter sido paga para falar dele. Isso é importante porque obviamente que o fato de ser paga influencia na opinião que ela dá. Não estou dizendo que ela fala bem do produto porque está sendo paga, mas certamente estará tentada a não ser contundente nas críticas, ou omitir certas características não tão legais do produto. O problema é que está difícil das pessoas sinalizarem uma publicidade, e a gente fica acreditando que aqueles pincéis baratinhos são os melhores do mundo, ou que aquele potinho de glitter é o melhor que há... será mesmo? Mas cai a ficha quando aparece um cupom de desconto associado ao produto... ou não cai?

Enfim, há muita gente consumindo produtos que não são de qualidade melhor que outros, mas que são os mais falados. Eu tenho bastante maquiagem, e digo pra vocês: há paletas de sombra que viraram febre que não chegam aos pés de outras que não são tão hypadas. Eu mesma já comprei coisas nesta onda, e no fim das contas joguei dinheiro fora. Mas não foi do dia pra noite que me libertei do "comportamento gado" das mídias! Foi vendo vídeos de pessoas que foram mais críticas que eu, que analisaram custo x benefício, compararam com produtos de qualidade, e mostraram o que realmente está por trás dos produtos - muito marketing. Deixo duas indicações gringas, porque eu não conheço ninguém do Brasil para indicar - então se alguém souber, por favor, coloca aqui nos comentários!

Kimberly Clark



Drag queen que morava em NY, muito viciada em maquiagem e compradora "em massa". Com os vídeos de anti-haul ficou "famosinha", ou seja, seu canal meio que dobrou de tamanho, mas ela merecia muito mais inscritos. Os vídeos de anti-haul, além de úteis, são engraçados. Amo.

Stephanie Nicole

https://youtu.be/PAP6GdyI1B8

Ela trabalha na indústria cosmética, e a mãe dela, se não me engano, também. Usa seu conhecimento técnico para analisar os produtos, e os reviews são enormes, mas te dão uma ideia completa do produto, porque é legal, porque não comprar ou comprar. O vídeo acima só confirmou minhas suspeitas em relação a Morphe, por exemplo. Esses vídeos são preciosos.

Com isso, não estou tentando dizer que só produto caro é bom, bem pelo contrário! Acho que tem muita marca cara, como Too Faced, Urban Decay, Kylie Cosmetics, entre outras, que 50% é marketing. Não que sejam ruins, mas há marcas melhores, que oferecem um produto de qualidade superior pelo mesmo preço ou menos. Mas quando uma marca é muito mais barata que as outras, não há mágica: seu preço reflete ou uma escolha de ingredientes de qualidade inferior, ou que foram produzidos em locais como a China, que paga mal seus empregados.

Enfim, achei que devia compartilhar estas informações com vocês. Eu confesso que sou uma vítima desta "fast fashion" de maquiagens, que fico enlouquecida com tudo que é lançamento (e querendo tudo, obviamente), mas participar desta roda-viva não me fez (e nem faz) feliz, apenas mais ansiosa. Infelizmente, as estratégias de marketing de hoje em dia exploram e muito a ansiedade das pessoas, e as suas vulnerabilidades como seres humanos, como querer fazer parte de um grupo. Vou deixar também um link que vai para uma página em que se pode baixar o documentário da BBC "O Século do Ego", que foi muito estarrecedor e revelador pra mim, e que me abriu os olhos para muita coisa:

https://documentariosvarios.wordpress.com/2012/02/07/o-seculo-do-ego/

Em resumo, ele mostra como se usa a psicologia para fins políticos, de marketing, de consumo.

Bom, é isso. Espero que semana que vem eu consiga fazer o vídeo!

Beijos

Comentários

Renata disse…
Não dá pra confiar mais, não. Quando preciso comprar "às cegas", MakeupAlley ainda é a melhor opção, mais confiável.
Dáfni disse…
E não é triste isso Renata? O que era a essência dos vídeos do Youtube agora já não se encontra mais...
Debora disse…
Eu tenho achado que o feitiço esta virando contra o feiticeiro! Pelo menos eu estou perdendo o interesse em produtos muito "endeusados", um deles são os batons da Bruna Tavares, apesar de ter algumas cores bonitas eu não tive coragem de comprar nenhum dos líquidos, e os em bala tenho alguns antigos. Dailus é uma marca que não ganhou o meu coração, só tive decepção! Outra coisa chata são as super produções dos vídeos, perderam totalmente a essência como você disse.
Dáfni disse…
Debora, exatamente! Parece que agora o que importa mais é a produção do vídeo que o conteúdo em si. Não sei se as pessoas vão se desinteressar, mas pra mim acontece como com vc: começo a pegar birra.

Beijos
Anônimo disse…
Ual! Vou assistir o documentário. Não acredito em blogueira e yt com milhões de inscritos, gosto dos blogs pequenos e sinceros igual antigamente como tudo começou.
Dáfni disse…
Assiste sim, vale a pena! Pena que blogs pequenos andam sumindo, né?

Beijos

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